Resumo
Introdução: Flores comestíveis são amplamente utilizadas na gastronomia devido ao seu aroma, sabor e potencial funcional. Elas são ricas em compostos bioativos, como flavonoides e ácidos fenólicos, que apresentam propriedades antioxidantes. No entanto, sua segurança microbiológica deve ser considerada, pois podem ser contaminadas por microrganismos patogênicos. Assim, este estudo teve como objetivo caracterizar o perfil fitoquímico, avaliar a atividade antioxidante e analisar a qualidade microbiológica de quatro espécies de flores comestíveis: Murraya paniculata, Arachis pintoi, Antigonon leptopus e Ixora coccínea. Objetivo: Identificar o perfil fitoquímico e avaliar a qualidade microbiológica das flores comestíveis Murraya paniculata, Arachis pintoi, Antigonon leptopus e Ixora coccínea. Material e Método: A atividade antioxidante foi avaliada por ensaios colorimétricos DPPH, ABTS e FRAP. A caracterização dos compostos bioativos foi realizada por Cromatografia Líquida de Ultra Performance- Espectrometria de Massas Tandem (UPLC-MS), e análises microbiológicas foram conduzidas para detectar Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Salmonella sp. Resultados e Discussão: Avaliação microbiológica revelou a ausência de Salmonella sp. em todas as amostras analisadas, um achado relevante para a segurança alimentar dessas espécies. No entanto, foram detectadas contagens significativas de Staphylococcus aureus em todas as flores testadas, com a maior concentração observada em Arachis pintoi (1,765 × 104 UFC/mL), seguida por Murraya paniculata (9,3 × 103 UFC/mL), Ixora coccínea (2,35 × 103 UFC/mL) e Antigonon leptopus (2,2 × 103 UFC/mL). A presença dessa bactéria pode estar associada ao manuseio inadequado ou à contaminação ambiental. Adicionalmente, Escherichia coli foi identificada exclusivamente em Arachis pintoi (1,13 × 104 UFC/mL), sugerindo possível contaminação fecal, possivelmente relacionada à exposição a fontes de água ou solo contaminados. A avaliação da atividade antioxidante revelou diferenças estatisticamente significativas entre as espécies analisadas. Ixora coccínea demonstrou a maior capacidade antioxidante nos ensaios ABTS (IC50 = 0,130 μg/mL) e DPPH (IC50 = 0,156 μg/mL), sugerindo um elevado potencial de neutralização de radicais livres. No método FRAP, Murraya paniculata apresentou a maior atividade antioxidante (IC50 = 0,100 μg/mL), indicando
uma notável capacidade redutora. Por outro lado, Arachis pintoi exibiu os maiores valores de IC50 no ensaio DPPH (4,4E+16 μg/mL), refletindo uma atividade antioxidante consideravelmente inferior quando comparada às demais espécies. A caracterização fitoquímica por HPLC-DAD possibilitou a identificação e quantificação de compostos fenólicos majoritários em cada espécie. Ixora coccínea destacou-se pela elevada concentração de catequina (81.850,03 μg/mg), um flavonoide amplamente reconhecido por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Antigonon leptopus apresentou os maiores níveis de rutina (3.810,87 μg/mg), um composto bioativo associado à modulação do estresse oxidativo. Murraya paniculata foi a única espécie a conter ácido cafeico em níveis detectáveis (7.940,06 μg/mg) e apresentou a maior concentração de ácido clorogênico (50,50 μg/mg), um
ácido fenólico com ação antioxidante e anti-inflamatória amplamente estudada. Conclusões: Os resultados destacam o potencial antioxidante e os riscos microbiológicos das flores comestíveis, sublinhando a importância de práticas de manejo adequadas. Estes achados fornecem uma base para o desenvolvimento de produtos alimentares seguros e indicam a necessidade de mais pesquisas para explorar a diversidade fitoquímica e mitigar riscos associados ao consumo de flores.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Luis Filipe Faria Verdan, Tuani Celestino Barbosa, Débora Correia Santana, Denise Coutinho Endringer