Resumo
Objetivo: O tratamento de indivíduos com carcinoma diferenciado de tireoide (CDT) inclui a tireoidectomia, seguida pela ablação com radioiodo (131I). Para a eficácia, é fundamental que os níveis de TSH estejam elevados, podendo ser alcançado pela interrupção do hormônio tireoidiano por 4-6 semanas após tireoidectomia. Porém, considerando as limitações da interrupção, o uso de TSH humano recombinante (rhTSH) seria uma alternativa. Este trabalho avalia se rhTSH é custo-efetivo comparado à indução de hipotireoidismo endógeno, sob a perspectiva da sociedade. Métodos: Foi realizada uma análise de custo-utilidade utilizando modelo de Markov com quatro estados de saúde (pré-ablação, ablação, pós-ablação e recuperado), para horizonte temporal de 17 semanas (ciclos semanais), incluindo custos médicos diretos e custos indiretos. A efetividade foi mensurada em anos de vida ajustado pela qualidade (QALY). Também foram realizadas análises de sensibilidade probabilística e determinística. Resultados: Os resultados indicaram que o tratamento com rhTSH oferece maior benefício clínico (0,2687 vs 0,2602 QALYs) a um custo incremental (R$626,50), com razão de custo-utilidade incremental (RCUI) de R$ 73.662/QALY ganho. Os fatores mais impactantes foram o preço do rhTSH, dias de trabalho perdidos e utilidade. Conclusão: Conclui-se que o rhTSH oferece maiores benefícios clínicos, apesar dos custos adicionais, e pode ser uma alternativa custo-efetiva dependendo do limite de disposição a pagar para a perspectiva da sociedade. O Brasil não recomendou um limite de disposição a pagar para essa perspectiva e, se coincidisse com o limite adotado para o SUS, o rhTSH seria custo-efetivo para um limite de R$ 120.000/QALY ganho.

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Copyright (c) 2025 Mariana Fachi, Aline Bonetti, Layssa Andrade Oliveira, Haliton Alves Oliveira, Rosa Camila Lucchetta

