Resumo
Introdução: As polpas de frutas, amplamente utilizadas na alimentação, devem atender a rigorosos padrões de qualidade microbiológica para assegurar a saúde pública. A polpa de maracujá, devido à sua acidez, tende a ser mais resistente à contaminação, mas ainda pode abrigar microrganismos patogênicos, especialmente se manipulada de forma inadequada. A Instrução Normativa (IN) no 161/2022 da ANVISA1 estabelece os parâmetros microbiológicos que polpas de frutas devem seguir, incluindo limites para Escherichia coli, Salmonella spp. e bolores e leveduras. Objetivo: Neste contexto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a qualidade microbiológica de polpas de maracujá industrializadas e artesanais comercializadas em São Mateus – ES, verificando sua conformidade com os padrões vigentes. Material e Método: O estudo foi conduzido no Laboratório de Microbiologia da UFES - campus São Mateus, entre os meses de outubro a novembro de 2024. Foram analisadas seis marcas de polpa de maracujá, sendo três industrializadas (A, B, C) e três artesanais (D, E, F), totalizando 6 amostras. As análises microbiológicas seguiram a IN no 161/20221 e o protocolo de Silva e colaboradores2, envolvendo testes para Escherichia coli (através do Número Mais Provável), Salmonella spp. (por enriquecimento e semeadura seletiva), e bolores e leveduras (por contagem em meio DRBC). As amostras foram submetidas a diluições seriadas e cultivadas em meios específicos para identificação e quantificação dos microrganismos. Resultados e Discussão: A maioria das amostras apresentou contagem de E. coli inferior a 3 NMP/g, dentro dos padrões legais. Contudo, uma replicata da marca C excedeu o limite máximo permitido (240 NMP/g), o que a torna reprovada mesmo sendo apenas um ponto fora do padrão. Salmonella spp. não foi detectada em nenhuma amostra, indicando conformidade com a exigência de ausência total. Em relação aos bolores e leveduras, todas as amostras apresentaram contagens abaixo do limite de 104 UFC/g, mesmo aquelas com valores mais elevados (como a marca F, com até 1,8 x 103 UFC/g). Comparações com estudos anteriores reforçam que a maioria das polpas analisadas em diferentes regiões do Brasil também seguem os padrões estabelecidos. Os achados indicam que, em geral, as polpas avaliadas são seguras, embora pontuais inconformidades reforcem a necessidade de vigilância contínua. Conclusões: As polpas de maracujá comercializadas em São Mateus – ES, tanto industriais quanto artesanais, demonstraram boa qualidade microbiológica geral. A ausência de Salmonella spp. e as baixas contagens de E. coli e bolores e leveduras atestam a conformidade da maioria das amostras com a legislação sanitária vigente. No entanto, a detecção de uma amostra fora do padrão evidencia que ainda existem riscos associados à produção ou ao armazenamento inadequado. Assim, o estudo ressalta a importância de manter e aprimorar as Boas Práticas de Fabricação, além de reforçar a fiscalização e a educação sanitária dos produtores e comerciantes para assegurar a segurança alimentar da população.

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