Abstract
Introdução: O envelhecimento frequentemente é acompanhado de condições crônicas (CC) e para o seu tratamento requer o uso de vários medicamentos.1,2,3 Apesar de necessária, a polifarmácia pode levar à autopercepção negativa da saúde e a problemas relacionados aos medicamentos (PRM).2,4 Objetivos: O objetivo deste estudo foi avaliar a autopercepção de saúde e a polifarmácia em pessoas idosas atendidas em um ambulatório de geriatria. Material e Método: Trata-se de um estudo exploratório e descritivo realizado entre junho de 2024 a abril de 2025. Foram incluídos no estudo pessoas idosas (PI) com 60 anos ou mais atendidos no ambulatório de especialidades do SUS no Espírito Santo. Após a consulta médica geriátrica, o paciente foi encaminhado para o atendimento farmacêutico, onde foram coletadas informações sociodemográficas, histórico de saúde e de utilização de medicamentos. Os dados foram documentados em formulário adaptado do Método Dáder para acompanhamento farmacoterapêutico. Foi realizada análise estatística foi realizada para avaliar a correlação entre idade e número de medicamentos e autopercepção de saúde e o número de medicamentos em uso e para este fim foi utilizado os testes de correlação de Spearman, testes Qui-quadrado e Kruskal-Wallis, respectivamente. O estudo foi aprovado pelo Comitê de ética, de acordo com o parecer n. 6.071.609. Resultados e Discussão: Foram atendidos 58 PI, sendo que 69% destas eram mulheres cuja idade média foi de 78 anos. Durante os atendimentos farmacêuticos foi observado que os CC mais prevalentes foram: hipertensão arterial (91%), dislipidemia (52%), diabetes (20%), dor (36%), doenças neurodegenerativas (14%) e transtornos de humor (19%). Para tratar tais condições, 81% fizeram uso de 5 fármacos ou mais e foram prescritos em média 7,9 medicamentos/paciente. Os medicamentos mais utilizados para tratar tais problemas de saúde foram: anti-hipertensivos (31%), analgésicos (31%), hipoglicemiantes (14%), hipolipemiantes (9%) e antidepressivos (11%). A maior parte dos entrevistados afirmaram conhecer a terapia medicamentosa (76%), contudo, foi observado 57% apresentaram PRM. As principais causas dos PRM detectados foram: erro de administração (35%), não adesão (27,5%), reações adversas (15%), entre outras causas (22,5%). Em relação a avaliação da autopercepção de saúde, 27% afirmaram ter saúde boa, 44% era regular e 20% avaliaram como ruim ou muito ruim. As variáveis como idade e polifarmácia não demonstraram associação com a autopercepção de saúde, sugerindo que outros fatores podem estar envolvidos nessas condições. Conclusões: Observa-se elevada prevalência de condições crônicas entre os idosos atendidos. A polifarmácia foi acompanhada de PRM, principalmente erros de administração e não adesão. Somado a isso, a autopercepção de saúde regular ou negativa foi observada na maior parte das PI participantes. Apesar da elevada presença de doenças e suas complicações, não foi possível afirmar que neste momento esses fatores afetaram a percepção subjetiva de saúde dos idosos. Ainda assim, o farmacêutico deve desenvolver práticas direcionadas para a promoção de uso racional de medicamentos de PI e contribuir com a longevidade com qualidade de vida.

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