Resumo
Relato de experiência: O envelhecimento populacional tem elevado a incidência de câncer, tornando o paciente idoso o principal público dos serviços oncológicos.1 Esse cenário impõe desafios adicionais, sobretudo quando o tratamento envolve terapias orais, transferindo ao paciente e seus cuidadores a responsabilidade pelo uso correto dos medicamentos.2 Em idosos, a presença de comorbidades, a polifarmácia e as alterações fisiológicas do envelhecimento aumentam o risco de eventos adversos que comprometem a segurança e a efetividade da terapia.3 Nesse contexto, a assistência farmacêutica é essencial para garantir o uso seguro e racional dos medicamentos, atuando diretamente na orientação e na prevenção de problemas relacionados à medicamentos. Descrição do caso: O presente relato descreve a experiência de um serviço de assistência farmacêutica exclusivo para o público idoso, inserido na saúde suplementar em nível nacional. A equipe é composta por 8 farmacêuticos distribuídos em 7 cidades brasileiras, responsáveis por todas as etapas do ciclo da assistência farmacêutica – desde a programação e aquisição até o armazenamento e a dispensação das terapias orais oncológicas. Como diferencial, o serviço realiza orientação farmacêutica em 100% dos pacientes que iniciam o tratamento oral. A consulta farmacêutica é detalhada, direcionada ao paciente e/ou seus familiares, conduzida por farmacêuticos especializados e respaldada por fichas padronizadas para cada medicamento. São abordados o mecanismo de ação, esquema posológico, cuidados no uso, manejo de reações adversas, armazenamento, descarte e potenciais interações medicamentosas, reforçando a importância da adesão para o sucesso terapêutico. Após a consulta inicial, o paciente é acompanhado durante a retirada dos medicamentos conforme protocolo de tratamento. Nessas ocasiões, o farmacêutico reavalia o caso, reforça as orientações e monitora a evolução da terapia, incluindo a verificação de consultas de retorno e a identificação de problemas relacionados aos medicamentos. Por integrar um sistema de saúde verticalizado, o serviço favorece a comunicação entre os profissionais e alcança alta taxa de aceitação das intervenções farmacêuticas pelos médicos e demais membros da equipe multiprofissional, garantindo agilidade e efetividade no cuidado. Conclusão: Conclui-se que a assistência farmacêutica é essencial no cuidado ao paciente idoso oncológico em terapia oral, considerando a complexidade clínica desse perfil e a necessidade de medidas específicas nos serviços de saúde. Como aprimoramento da prática, estamos trabalhando na criação de um modelo de estratificação de risco durante o acompanhamento farmacoterapêutico, visando à construção de um plano de cuidado direcionado aos pacientes com maior vulnerabilidade em nosso serviço.

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