Resumo
Introdução: A Central de Diluição de Medicamentos apresenta-se como um mecanismo de segurança do paciente na racionalização de doses, além de contribuir para a redução de custos para a instituição1. Um documento publicado pelo Conselho Federal de Farmácia, com relatos do sistema público de todo o país, demonstra que hospitais com uma central de diluição em funcionamento poderiam reduzir em 50% os gastos com medicamentos, principalmente na pediatria2. Considerando ainda o aumento do uso de antimicrobianos de alto custo frente ao cenário atual da prevalência de infecções por bactérias multirresistentes, essa central torna-se ainda mais relevante3,4. Objetivo: Avaliar o gasto do tratamento com antimicrobianos de alto custo e o possível impacto econômico com a implementação de uma Central de Diluição de Medicamentos em um hospital público. Material e Método: Estudo transversal e retrospectivo realizado em um hospital universitário de referência para o atendimento a pacientes com doenças de média a alta complexidade em Belo Horizonte/Brasil, entre julho e dezembro de 2023. Foram incluídas crianças com prescrição de antimicrobiano de alto custo na apresentação de pó para solução injetável, selecionadas a partir do fluxo de auditoria de antimicrobianos da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da instituição. Os antimicrobianos definidos para o estudo foram: anfotericina B lipossomal, aztreonam, ceftazidima + avibactam, daptomicina, micafungina e voriconazol. O processo de coleta dos dados foi realizado através da análise da tabela gerada pela auditoria da CCIH em comparação com as informações contidas em prontuário eletrônico. O estudo foi aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais sob nº 85804818.7.0000.5149/4.009.388. Resultados: Foram selecionadas 52 prescrições presentes em 28 pacientes, sendo 17 do sexo masculino (60,71%). A mediana das idades foi de 7 anos (mínimo: 1; máximo: 18) e o tempo de uso de 6,5 dias (mínimo: 1; máximo: 45). Os principais antimicrobianos prescritos foram voriconazol (17; 32,69%), micafungina (16; 30,76%) e aztreonam (9; 17,3%). Na análise do custo do tratamento foi
identificado desperdício em todos os antimicrobianos de alto custo, com exceção para anfotericina B lipossomal. Aztreonam e
daptomicina apresentaram uma perda maior do que a quantidade utilizada, em reais. Ceftazidima + avibactam obteve uma proporção de desperdício, em reais, semelhante à voriconazol e micafungina. Em um semestre, o desperdício total registrado foi de R$83.395,59. Esses dados foram analisados considerando a estabilidade dos medicamentos após reconstituição preconizada pelo hospital. Conclusões: A ausência de uma central de diluição tem impacto significativo no desperdício de medicamentos e, consequentemente, nos custos do hospital, por não possibilitar o preparo de doses individualizadas e um melhor controle do prazo de validade dos medicamentos após reconstituição. Diante disso, a implementação desse setor torna-se fundamental para a economia hospitalar.

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