Resumo
Introdução: A artrite reumatoide (AR) é uma doença inflamatória crônica autoimune que acomete as articulações e pode causar destruição articular irreversível. Os Medicamentos Modificadores do Curso da Doença – Biológicos (MMCDb) anti-TNF fazem parte da segunda linha de tratamento da AR. Essa classe tem se mostrado muito promissora devido à melhora na evolução e no prognóstico dos pacientes com essa patologia. Entretanto, a incidência de reações adversas ainda é um fator que pode levar à suspensão da terapia para uma parcela dos usuários. Variantes na via do TNF têm sido associados à resposta terapêutica dos imunobiológicos na AR, no entanto existem poucos estudos que avaliem a associação dessas variantes com o perfil de segurança dos MMCDb. Objetivo: Este trabalho teve como objetivo avaliar a associação de variantes genéticas nos genes que codificam o TNF (TNF) e seus receptores (TNFRSF1A, TNFRSF1B) com a segurança dos imunobiológicos em pacientes com AR regularmente cadastrados no CEAF/BA. Material e Método: Foram incluídos 294 pacientes de dois Centros de Infusão de Medicamentos da Bahia, que foram entrevistados com o auxílio de questionários para avaliar sua história clínica e medicamentosa. A ocorrência de eventos adversos (EA) relacionados ao uso de medicamentos, relatados pelos pacientes e confirmados em registros clínicos de prontuários, e a suspensão desses medicamentos em decorrência desses EA foram utilizadas como critério para avaliar a segurança do tratamento. O DNA de cada indivíduo foi extraído a partir de uma amostra de sangue total e os SNVs (Variante de Nucleotídeo Único) rs1800629 (gene TNF), rs4149570 (gene TNFRSF1A) e rs1061622 (gene TNFRSF1B) foram avaliados. Para a análise da associação de covariáveis com a segurança do tratamento foram realizados o teste qui-quadrado e o teste t de Student através do Software SPSS. As regressões logísticas foram ajustadas para as covariáveis idade no diagnóstico, quantidade de medicamentos anti-TNF já utilizados e quantidade de imunobiológicos já utilizados, pois estas foram associadas aos desfechos analisados. A análise de associações genéticas foi realizada no software PLINK 1.9. Resultados: Os resultados encontrados demonstraram que o alelo A do rs4149570 está associado à ocorrência de EA com infliximabe e à suspensão da terapia com este em razão de EA. O alelo A do rs1800629 está associado à suspensão da terapia com Etanercepte em razão de EA, tento também, esse mesmo SNV, apresentado uma tendência de associação com a ocorrência de EA com MMCDb anti-TNF. Esses resultados são promissores por representarem os primeiros dados envolvendo o impacto de variantes genéticas na segurança do uso de anti-TNF no contexto da AR em uma população brasileira. Conclusões: Apesar dos achados, pesquisas futuras com um número maior de pacientes ainda são necessárias, de modo a fortalecer o conhecimento acerca da farmacogenética da AR, tendo em vista as associações já encontradas, de forma a contribuir para uma maior segurança na farmacoterapia com os MMCDb.

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